sexta-feira, 2 de março de 2012



Linda Martini - Este Mar (Linda Martini EP, 2005)

a história foi mais ou menos assim: uma amiga, de brilho nos olhos e nas palavras, recém-chegada da edição de 2005 da festa do avante arranja-m uma demo de quatro canções duma banda nova-qualquer. eles deram um concerto do caraças e foi altamente, dizia-me ela. olhando para trás, a falta de palavras para descrever aquela demo/ep faz com que do caraças e altamente sejam as mais certeiras. tocava-se rock, tocava-se rock alto, com espírito punk, sempre em português (do bom, somos mesmo um povo poeta), as guitarras a correr e a gritar sem querer saber da ternura do rapaz que dava a voz e a bateria - que bateria! do hino “amor combate” às paisagens pós-rock em “este mar”, o disco tocou vezes sem conta. não conhecia nada assim, por estes lados, e rendi-me completamente. estranhamente, entre este primeiro contacto e o meu primeiro concerto passaram uns largos anos. lá para 2005/2006 foram tocar à flul com os vicious five mas como se atrasaram umas duas horas, à grande e à portuguesa, acabei por me ir embora. fui deixando passar (“ah são portugueses, um gajo consegue vê-los em todo o lado”), deixei passar um convite para ir ver a apresentação do casa ocupada e, no ano passado, acabei por não deixar passar o concerto deles em paredes de coura. a música já parecia um bocado deslocada no tempo (na idade, quero dizer) mas fiquei com o mesmo brilho nos olhos que a rapariga que tinha regressado da festa do avante. foi um concerto altamente. e do caraças. durante este tempo tinham mudado, tinham crescido, tinham três álbuns e mais umas mesmas centenas de concertos. mas nunca se esqueceram donde tinham vindo. com o ano a acabar, a zdb anuncia à última da hora que os linda martini vão apadrinhar o regresso dos adorno aos palcos. não os conhecia e acabou por ser uma das descobertas do ano que passou (“porque ainda achamos que podemos fazer isto apenas por gosto”, disse o baterista lá para o meio do concerto - e parecia mesmo isso). os linda martini subiam ao palco e davam um concerto com o espírito e amor que se pede para o local onde tocavam. acabam com a “cem metros sereia” e com uns trinta putos em cima do palco a gritar para o microfone aqueles dois versos. já não fazia sentido ir para lá, o tempo agora é deles, mas foi bonito como o caraças. mas ainda haviam umas surpresas: a cláudia vai para o microfone gritar a “territorial pissings”, o bráulio vem para o palco cantar a “depression”, tocou-se sick of it all e no fim o hélio salta da bateria para cantar 7 seconds: se o aquário não foi abaixo naquele dia é porque o aquário não vai abaixo. os miúdos do hardcore chegaram longe. e hoje vamos voltar a ver como é que isto se faz, bem feito, na moita.

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